Como atividade integrante da visita do Arquiteto Professor Dr. Key Imaguire Jr. (UFPR) à UFFS, o Professor Key, o Arquiteto Professor Me. Murad Jorge Mussi Vaz (UFFS), os bolsistas do Projeto de Extensão "Arquitetura discutida e vivida - experimentação entre o teórico e o real", Gláucia Andrade e Rafael Kalinoski e o acadêmico do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFFS, Mateus Moreno Sá fizeram uma visita à cidade de Marcelino Ramos - RS, situada na divisa do estado com o estado de Santa Catarina.
Sob a ótica do Professor Imaguire, Doutor em História pela UFPR tendo realizado pesquisas de levantamento de patrimônio em diversas cidades do Paraná, e do Professor Vaz, mestre em Arquitetura e Urbanismo pela UFSC tendo dissertado sobre Desenho Urbano, verificou-se a existência de vários edifícios na cidade que têm vínculo com a formação sócio-cultural local e até mesmo nacional e que, infelizmente, não estão protegidos por lei alguma sendo constantemente alterados sem que haja consciência de sua importância.
Na imagem abaixo pode-se verificar um edifício datado, segundo informações da fachada, de 1935 e que já teve uma intervenção não planejada que acabou por desconfigurar o conjunto.
Edifício de 1935 em Marcelino Ramos.
Outra grande perda do patrimônio arquitetônico da cidade é o abandono do "Grande Hotel", localizado às margens do Rio Uruguai com uma vista maravilhosa para a ponte. Parte do interior do hotel - provavelmente onde ficava o salão de jantar e de festas - está sem a cobertura e com o piso dos pavimentos caídos. A parte dos leitos está em pé, porém, muito descaracterizada. Caminhando pelos três pavimentos onde ficam os leitos pode-se verificar que há belas peças de mobiliário de madeira do século passado abandonadas em todos os cômodos e até mesmo pelos corredores.
"Grande Hotel" em Marcelino Ramos.
Peças de madeira do século XX abandonadas no "Grande Hotel".
Outra das belezas arquitetônicas de Marcelino Ramos é a ponte da via férrea construída sobre o Rio Uruguai em 1912. A ponte é uma "caixa treliçada" de metal apoiada sobre pilares de concreto armado. A ausência de tecnologia na área do concreto armado no início do século XX exigia que a estrutura metálica fosse muito mais complexa, o que conferiu tal beleza à ponte.
Ponte da via férrea sobre o Rio Uruguai, 1912.
Estrutura metálica treliçada.
Os trilhos da via férrea também estão em péssimo estado de conservação, com parafusos e peças de madeira soltas. Em Marcelino Ramos há ainda, segundo breve conversa com um morador local, um dos dois "giradores de locomotiva" existentes no Rio Grande do Sul. Trata-se de um equipamento que serve para manobrar as locomotivas sem que seja necessário fazer grandes voltas.
Trilhos na frente da estação ferroviária de Marcelino Ramos.
Equipamento para manobrar a locomotiva.
A visita à cidade proporcionou reflexões importantes a respeito da importância da arquitetura como objeto de preservação das memórias de um local e fez perceber o quão urgente é um meio de proteger tal patrimônio para que não se venha a perder elementos que trazem consigo o reflexo da formação do que é a cidade de Marcelino Ramos hoje.
Imagens: Rafael Kalinoski.
Por: Rafael Kalinoski.