sábado, 30 de abril de 2011

Faz bem, doe você também!

Na terça-feira do dia 19 de abril, os integrantes do grupo Viver AU se reuniram para fazer a entrega das doações de Páscoa para o Projeto Santa Marta, situado no bairro Progresso, em Erechim.
Durante três semanas foram arrecadados doces, chocolates e contribuições espontâneas em dinheiro.Após isso, foram montadas pelos integrantes do grupo “cenouras” que foram preenchidas com as arrecadações.
Imagem: Integrantes do grupo Viver AU produzindo as doações para o Projeto Santa Marta
 

O Projeto Santa Marta auxilia, aproximadamente, 120 crianças moradoras do próprio bairro e acolheram os integrantes do grupo Viver AU com carinho e entusiasmo. Após a entrega dos doces houve um momento de recreação. Os donativos restantes foram levados para o Lar da Criança no dia 15 de abril.

O mais importante, nessa páscoa, foi o sorriso sincero no rosto dos pequenos.

Por: Daniela Susin Guerra e Flávia Regina Oldoni.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

o jornaleiro



Imagem por: Luan Zanette e Mateus Subtil dos Anjos


Quando sentimos a brisa passar pelo nosso rosto, a luz do dia iluminar nossa cara, ou quase resbalar nas pedras cheias de musgo, faz-nos viver o meio...
Porém pelo menos vivemos esse meio, esse espaço, percebemos o entorno, mas existem pessoas que não...
Podendo ter até uma batalha do outro lado rua, elas não perceberão, nunca vão perceber apenas passar reto e seguir sua simples vida. Às vezes preocupado com a prova de cálculo que tem a noite, ou aonde vai conseguir o dinheiro para poder pagar o leiteiro que lhe cobrou mais cedo naquela manhã. Ou também porque não quer ver...
As pessoas escolhem o que querem ver, pode haver um incêndio na sua frente e não vão ver um desastre, uma manifestação, ou até uma lata de sopa de tomate gigante, mas vão continuar seguindo seu rumo sem virar o pescoço para ver algo que possa mudar a sua vida...
Desinteresse ou vontade? Podemos dizer que as pessoas vêem o que querem ver.
Por: Mateus Subtil dos Anjos

sexta-feira, 15 de abril de 2011

o vendedor de jornais

Imagem: Gelsumina Noal Carraro na inauguração do Pequeno Jornaleiro


Imagens: O vendedor de Jornais depredado


Imagens: Manifesto contra a depredação do Vendedor de Jornais

O ‘Vendedor de Jornais’, um preito de reconhecimento e homenagem ao pequeno anônimo, que na sua simplicidade extrema leva, de casa em casa, o jornal diário, deliciando-se com os dias de sol e sofrendo pela violência das chuvas e do frio, é uma obra de arte do conhecido escultor italiano Mateo Tonietti, que há muitos anos reside na cidade de Rio Grande (RGS).”
Hora do Munícipio; Revista Ercehim, 30 de Abril de 1952


A partir da reurbanização do centro da cidade pelo arquiteto Dr. Francisco Riopardense de Macedo na década de 1950, várias estátuas foram sendo colocadas ao longo da Avenida Sete de Setembro, segundo o proposto em seu projeto. Assim, a estátua o Vendedor de Jornais foi um presente de Gesolmina Carraro ao 34° aniversário da cidade de Erechim no ano de 1952, com a finalidade de homenagear o trabalho daquelas crianças/ adolescentes que dedicavam parte do seu tempo diário a entrega de jornais.No contexto histórico em que a estátua foi concebida, o trabalho infantil era natural, a fim de cooperar com o sustento da casa, as crianças entregavam jornais, em um período diferente do escolar, na maioria dos casos. Esta foi à realidade retratada na estátua, onde o menino está sentado descansando do trabalho já realizado, originalmente fumando. Mas o que infelizmente constatamos foi o vandalismo anônimo praticado contra a mesma, onde todas as suas partes foram quebradas, restando apenas o suporte de concreto que era  sua base.  Com o objetivo de manifestar nossa preocupação perante o fato ocorrido, nós do grupo de arquitetura e urbanismo – VIVER AU, realizamos no dia 08/04/2011 um manifesto de terrorismo poético no lugar onde a estátua ficava. Para tal, usamos máscaras e adereços em jornais, além de representamos a estátua com um voluntário do grupo envolto em fitas de segurança, cuja única intenção foi sensibilizar as pessoas que passavam na rua para a deturpação do patrimônio público.


Por: Camila Chaves Rael Lauret

das artes sonoras: relação entre música e arquitetura


Imagem: Ópera de Sydney

"A música é a arquitetura do tempo, e a arquitetura é a música do espaço".
Mário Quintana
"Nós deveríamos, portanto, confinamo-nos à música, a Arquitetura, a Escultura e a Pintura (...) Essas quatro são irmãs; as duas primeiras, gêmeas: para tal, observa-se que elas não se originam na imitação dos entes naturais, como o fazem a Escultura e a Pintura".
Viollet-le-Duc, 1987.

A relação música-arquitetura é muito próxima os princípios da primeira podem contribuir para o desenvolvimento da segunda. A motivação para integrar musica à arquitetura vem desde os primeiros momentos históricos da musica ocidental – esse vinculo mostrou-se mais que um capricho, uma necessidade. A necessidade de ordenar sob um preceito sublime tudo aquilo que fosse fruto construído da ciência humana. A semelhança dos métodos compositivos da arquitetura e da musica, o ordenamento das células espaciais e temporais.
Uma circunstância que pode ser observada: ciências com objetos distintos entre si agora estão começando a assemelhar-se em seus métodos. A base dessa crescente semelhança é a continua busca pelo conhecimento absoluto. É possível identificar lógicas compositivas de alguma forma semelhantes, que resultam na construção de um modelo de tradução entre a linguagem musical e a linguagem arquitetônica.

Do texto: À Luz da Cadência – A Música na Arquitetura de Fernando Almeida.

sábado, 9 de abril de 2011

das artes cinematográficas: relação entre cinema e arquitetura

                                                               Imagens: Cenas do filme Marie Antoinette¹

A relação cinema - arquitetura pode ser considerada sob dois pontos de vista: do modo como a arquitetura é representada na tela e nas formas plásticas com que o cinema constrói seus espaços ficcionais na chamada cenografia. Ainda existe uma outra perspectiva que consiste em mostrar o universo pessoal e criativo do arquiteto, perpassando os nuances da motivação humana na tarefa de projetar o mundo interior nos objetos materiais da obra arquitetônica. .(...)” 
Juan Guillermo D. Droguett



A arquitetura, em um filme, é importante para retratar ambientes que transmitem sentimentos ou que remetam a uma época passada ou futura. Nos leva a imaginar esses ambientes e como estaríamos inseridos nele. Também como seriam as nossa interações com o meio que estamos visualizando. "Uma leitura interpretativa dos espaços arquitetônicos, nos quais o espectador do cinema interage nas mesmas condições que o arquiteto, revela as condições e possibilidades dos objetos tridimensionais da arquitetura: forma, volume e perspectiva na sua qualidade material, transformando-se, assim, na matéria-prima da subjetividade com a qual o espectador recriará os personagens, objetos e espaços da criação do universo ficcional"². Por conta disso, devemos perceber como ocorre a interação entre os personagens e as edificações e, também, como as edificações podem agir sobre os personagens de modo que isso reflita em nós, meros espectadores.
Por: Flávia R. Oldoni
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¹ O filme mostra a vida de Maria Antonieta (Kirsten Dunst), uma jovem vienense que, em 1774, tornou-se a rainha da França. Às vésperas da Revolução Francesa, ela ficou conhecida entre a população por seu desinteresse político, um dos fatores que culminaram na violenta revolta popular contra a família real francesa.
²Droguett, Juan Guillermo. Cinema e Arquitetura. In:____. O Feitiço do Cinema - Ensaio de Griffe sobre à sétima arte.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

vivendo no "liquidificador cultural¹"

Uma pintura de Klee chamada Angelos Novus mostra um anjo olhando como que a ponto de distanciar-se de alguma coisa que está contemplando fixamente. Seus olhos estão arregalados, sua boca, aberta, suas asas, despregadas. É assim que se retrata o anjo da história. Seu rosto está virado para o passado. Onde percebemos um encadeamento dos fatos, ele vê uma só catástrofe, que acumula ruínas sobre ruínas e as atira seus pés. O anjo gostaria de ficar, de despertar os mortos e restaurar o que foi destruído. Mas uma tormenta está soprando do Paraíso, ela fustiga suas asas com tamanha violência que o anjo não consegue mais fechá-las. Essa tormenta impele-o para o futuro, para o qual suas costas estão voltadas, enquanto o monte de destroços diante dele cresce até o céu .Essa tormenta é o que chamamos de progresso.

Walter Benajmin – Década de 40

Imagem: Paul Klee – Angelos Novus década 20

Sob qual ótica devemos encarar nossas cidades hoje? E nossa produção arquitetônica? As certezas em um urbanismo ortodoxo, modernista, cujo bem comum e bem estar social, seriam as metas a serem alcançadas através de um racionalismo progressista? O século XX explorou ao máximo as premissas do menos é mais, preconizadas por Mies van der Rohe, do Homem Ideal de Le Corbusier, e infelizmente foram concebidas grandes falácias em conjuntos arquitetônicos, desprovidos de urbanidade e de um imaginário coletivo capaz de suscitar encontros e surpresas. Erro dos arquitetos e urbanistas ou de quem financiou estas obras e deturpou suas ideias sociais iniciais? Ao menos os modernistas vestiram a camisa por uma arquitetura igualitária, social, industrial.
Nesse sentido questiona-se: foi o progresso, o grande responsável pela perda da cidade tradicional? Da arquitetura vernacular? Do romantismo preconizado na visão bucólica de uma cidade que já não existe mais? Haveria espaço para um flaneur em Chandigarh, em Brasília, no Pedregulho? Como caminharia Walter Benjamin em meio a esses belos conjuntos de arquitetura impecável, mas desprovidos da vitalidade inerente à cidade tradicional?
Se o less is more, foi trocado por less is a bore, de Robert Venturi, percebe-se que apenas a alteração retórica não foi capaz de suprir as demandas do século em desenvolvimento. Da racionalidade e das certezas modernistas, recaiu-se no discurso pós-modernista, deturpado em sua interessante proposta de resgate historicista e fragmentos e recordações. Se o modernismo mal interpretado foi efetivado, o pós-modernismo recaiu em um novo mecenato, sucumbindo ao mercado imobiliário e propiciando o surgimento de frontões neoclássicos norte-americanos em balneários famosos nas praias brasileiras.
Sob a égide de um resgate histórico, muitas vezes desconexos da realidade local, foram criados condomínios que infelizmente surgiram como fuga para uma pretensa segurança, que em sua matriz auto-segregacionista, acabaram causando uma fragmentação maior no tecido urbano e consequentemente maior separação, maior conflito, e menor interação na cena pública.
As cidades estão cada vez mais polifônicas, híbridas em formas e referências, conforme o antropólogo italiano Massimo Canevacci, então é hora de buscar compreender seus signos e contra-signos nesse grande “liquidificador cultural” em que se vive.
Novos materiais, novas soluções, arquitetura inteligente, retorno aos materiais vernaculares, às técnicas retrospectivas, tudo vale e é até salutar nesse processo de efervescência presente. Nesse sentido podem surgir pontes entre referências históricas e novos materiais, ou o tradicional - em colagem e patchwork com a inovação, talvez essa seja a “cara” da arquitetura e das cidades para o século que se inicia. Uma identidade verdadeiramente híbrida.
Sem rótulos, diversas bandeiras podem ser levantadas, e já o foram: a sustentabilidade, a globalização, o universal versus o local, a arquitetura verde, as cidades metabolistas,..., enfim todos estes temas já se tornaram personagens – reificados, e tomaram café em entrevistas com famosos apresentadores e teóricos.
A intenção do presente ensaio não é a de dar respostas, mas sim a de provocar, e fazer pensar, de negar um saudosismo historicista nocivo e a-dialético e ao mesmo tempo, refutar uma crença desmesurada na tecnologia esterilizante. Urge treinar o olhar e fazer-se olhar na cidade, urge caminhar mais entre os fragmentos urbanos, urge aproximar-se mais da realidade urbana, ao invés de planejar a partir de um gabinete ou de modelos importados de outras realidades. Alguém gostaria de se pronunciar? 

Por: Murad Jorge Mussi Vaz
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¹ Liquidificador - cultural, termo usado por Massimo Canevacci, em sua obra Sincretismos. Editora Studio Nobel, SP, 1996.

das artes fotográficas

                                           Imagem: Franciele Bervian

"A fotografia é a poesia da imobilidade: é através da fotografia que os instantes deixam-se ver tal como são". 
Peter Urmenyi

sexta-feira, 1 de abril de 2011

terrorismo poético

                                           Imagem por: Banksy 

Estranhas danças nos saguões de Bancos 24 Horas. Shows pirotécnicos não autorizados. Arte terrestre, trabalhos telúricos como bizarros artefatos alienígenas espalhados em Parques Nacionais. Arrombe casas, mas, ao invés de roubar, deixe objetos Poético-Terroristas. Rapte alguém e faça-o feliz. Escolha alguém aleatoriamente e convença-o de que ele é herdeiro de uma enorme, fantástica e inútil fortuna: digamos 8000 quilômetros quadrados da Antártida, ou um velho elefante de circo, ou um orfanato em Bombaí, ou uma coleção de manuscritos alquímicos. Mais tarde, ele irá dar-se conta de que acreditou por alguns poucos momentos em algo extraordinário, e talvez, como resultado, seja levado a buscar uma forma mais intensa de viver.¹



O Terrorismo Poético consiste em fazer arte usufruindo de técnicas não tradicionais ao cotidiano das pessoas; segundo Hakim Bey, trata-se de um movimento independente de estruturas convencionais de consumo de arte.

Bey ressalta, ainda, que o Terrorismo Poético não deve ser feito para outros artistas, mas sim para pessoas que, pelo menos no primeiro momento, não se atinarão de que aquilo é arte. O Terrorismo Poético chega disfarçado, com o objetivo de fazer com que as pessoas reflitam sobre o mundo, sobre quem são, o que acontece ao seu redor e qual a sua influência nisso.

O grupo de estudos Viver au usufruirá do Terrorismo Poético com o único objetivo de sensibilizar as pessoas e fazê-las refletir sobre vários aspectos do cotidiano, sem degradar a imagem do ambiente no qual interviremos ou às pessoas com as quais interagiremos. Queremos fazer Terrorismo Poético para abrir a mente das pessoas e torná-las mais críticas após as reflexões que propusermos.


Por: Rafael Kalinoski

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¹ BEY, Hakim. Terrorismo Poético (TP). In:_____. Os Panfletos do Anarquismo Ontológico.